terça-feira, 19 de julho de 2011

Eu prometo

Estavam todos na sala de visitas da casa da avó, depois do funeral, quando David disse:
- Isso não vai trazer o vovô de volta.
Todos se voltaram para ele. David não costumava emitir opiniões em voz alta no meio de um grupo.
- Mas vai fazer justiça, declarou Marta. E isso é muito importante neste mundo.
- Mas o vovô não ‘tá mais neste mundo. ‘Tá no céu, afirmou David. E você o verá de novo, se entregar sua vida a Deus, como eu entreguei.
Cris olhou para seu irmão. Parecia Ted falando. (...)

Vendo sua rápida visita chegar ao fim, Cris sentiu vontade de ter um momento especial com sua avó. Conduziu-a ao corredor, pegou as duas mãos dela e, em voz baixa, falou que sentia muito o que tinha acontecido e afirmou que a amava muito.
- Muito obrigada, minha preciosa. E também obrigada por ter vindo de tão longe para o sepultamento.
- Se eu pudesse, ficaria mais alguns dias.
- Não, disse a avó, haverá muita comoção aqui, nos próximos dias. Você e Ted poderão voltar em outra oportunidade, para me ver, e ficar um pouco, em uma visita agradável. Eu gostaria muito de receber vocês.
- Você vai ao nosso casamento, em maio, não vai?
- Eu não perderia de jeito nenhum. Você conquistou um rapaz de ouro, Cristina. Estou feliz por vocês.
- Muito obrigada, vovó, disse Cris, apertando as mãos frias de sua avó. Você tem algum conselho pra mim? Pra nós?

Cris lembrou-se das bodas de ouro de seus avós. Ela lhes perguntara como tinham se conhecido e como souberam que um era a pessoa certa para o outro. O avô comentara que os dois deveriam verificar se tinham o mesmo tipo de princípios. Entretanto, a avó dissera a Cris para esperar até os problemas surgirem e então perguntar a si mesma se queria passar o resto da vida com aquela pessoa.
Esse pensamento voltara à mente de Cris várias vezes na semana anterior, quando estava com raiva do Ted. Sabia que continuava querendo passar o resto de sua vida com ele. Queria apenas se relacionar melhor com ele.

- Tudo passa muito rápido.
Uma lágrima brilhou no canto do olho da avó e depois correu pelo rosto enrugado. Ela continuou:
- Acaba muito depressa. Não mantenha registros longos, querida. Aprenda a perdoar rápido e prosseguir, porque um dia você vai acordar e descobrir que ficou velha sem perceber. Quando isso acontecer, os registros não vão ter mais a menor importância.

(Robin Jones Gunn)