"Sob o ponto de vista secular, humanista, materialista, cético e pessimista, a cada pôr-do-sol, ou a cada ano que passa, mais nos distanciamos do dia do nosso nascimento e mais nos aproximamos do dia da nossa morte. A marcha do tempo significa inexoravelmente o recuo da vida terrena, a diminuição do período de tempo compreendido entre o parto e a morte, entre o berço e a urna funerária, entre o primeiro e o último suspiro, entre o alvorecer e o entardecer da existência.
Sob o ponto de vista cristão, diz-se o mesmo, mas não apenas isso. Deve-se acrescentar que, a cada pôr-do-sol, ou a cada ano que passa, mais nos distanciamos do paraíso perdido e mais nos aproximamos do paraíso reconquistado; mais nos distânciamos do Gênesis e mais nos aproximamos do Apocalipse; mais nos distanciamos da queda e mais nos aproximamos da redenção; mais nos distanciamos da lomga noite de pecado, sofrimento e morte e mais nos aproximamos da esperada manhã de glória.
Em sua epístola escrita por volta do ano 57 e dirigida aos cristãos que viviam em Roma, Paulo trata desse assunto: "Chegou a hora de vocês despertarem do sono, porque agora a nossa salvação está mais próxima do que quando cremos" (Rm 13.11). A cada pôr-do-sol, ou a cada ano que passa, mais nos distanciamos daquele momento em que cremos no evangelho e mais nos aproximamos da salvação e do seu climax, em sua totalidade, em sua plenitude.
A cada pôr-do-sol, ou a cada ano que passa, estamos cada vez mais perto da parúsia, pois Jesus mesmo prometeu: "Todos os povos da terra verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens com poder e muita glória (Mt 24.30). A cada pôr-do-sol, ou a cada ano que passa, estamos cada vez mais perto da ressurreição dos mortos, pois Jesus prometeu também: "Está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão" (Jo 5.28-29).
A cada pôr-do-sol, ou a cada ano que passa, estamos cada vez mais perto da tranformação dos vivos, pois "nem todos dormiremos [morreremos], mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta" (1Co 15.51-52). A cada pôr-do-sol, ou a cada ano que passa, estamos cada vez mais perto dos novos céus e nova terra, pois essa promessa está contida nas profecias de Isaías (Is 65.17; 66.22), nas palavras de Jesus (Mt 19.28) e nas epístolas de Paulo (Rm 8.18-25) e Pedro (2Pe 3.13).
A cada pôr-do-sol, ou a cada dia que passa, estamos cada vez mais perto da presença real de Deus, como João registra em Apocalipse: "Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá" (Ap 21.3). Por essa razão, o apóstolo não viu templo algum na Nova Jerusalém, "pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo" (Ap 21.22). O resultado desse relacionamento final e definitivo entre Deus e o seu povo é a ausência de coisas como dor, lágrimas, luto e morte."